Encontro promovido pela Associação Comercial mobiliza lideranças para defender o Porto Sul e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste
Na noite da última quinta-feira 06, Ilhéus se tornou epicentro de um debate crucial sobre o destino econômico do sul da Bahia. Organizada pela Associação Comercial e Industrial de Ilhéus, a reunião no auditório do Premier reuniu empresários, autoridades e representantes do setor produtivo para discutir os impactos da possível venda da Bahia Mineração (BAMIN) para a Vale. O consenso foi claro: não há oposição à transação, mas exige-se que os projetos estratégicos da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e do Porto Sul sejam mantidos integralmente.
A Defesa do Porto Sul e da FIOL: Pilares do Desenvolvimento Regional
O principal tema do debate foi a urgência de concluir a FIOL, ferrovia de 537 km que ligará Caetité a Ilhéus, integrando-se ao Porto Sul. Os participantes destacaram que alterações no trajeto ou na execução do projeto podem inviabilizar décadas de planejamento e comprometer o crescimento econômico da região. O comunicador Vila Nova, da Rádio Ilhéus FM no seu programa, ressaltou: "O Porto Sul não é apenas um cais; é a chave para uma nova era econômica".
A preocupação central é que a Vale, caso adquira a BAMIN, priorize operações no Espírito Santo, desviando investimentos do Porto Sul. Estima-se que a construção do terminal em Ilhéus exija R$ 8 bilhões, enquanto redirecionar a malha ferroviária para o Espírito Santo custaria apenas R$ 1 bilhão. Essa mudança enterraria expectativas de crescimento baseadas no projeto original, como o boom imobiliário e a atração de empresas para a região .
Potencial Econômico Além do Minério
O arquiteto e empresário Luiz Uaquim, junto com o administrador Herder Mendonça, apresentou dados que ampliam a visão sobre o Porto Sul. Além de escoar minério de ferro, o terminal multiuso poderá movimentar grãos e outros produtos, integrando-se a corredores logísticos como a Ferrovia Norte-Sul (FNS) e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO). A projeção é que a infraestrutura atraia empresas de logística, turismo e serviços, gerando até 7.200 empregos diretos e indiretos .
Mendonça destacou ainda o conceito de *"Logística Internacional Biocêanica"*, que conectaria Ilhéus a mercados globais via ferrovias e hidrovias, atendendo a demanda de 7 bilhões de pessoas em cinco continentes.
*"O transporte ferroviário e marítimo reduz custos, acidentes e impactos ambientais, alinhando-se aos princípios ESG"*, explicou .
Mobilização Política e Alertas Sociais
A reunião evidenciou a necessidade de uma frente política unida para pressionar governos estadual e federal. Representantes criticaram a lentidão das obras da FIOL e do Porto Sul, paralisadas desde 2021, apesar dos R$ 4,6 bilhões em financiamento aprovados em 2024 .
*"Precisamos de uma coalizão envolvendo prefeituras, deputados e até figuras como Manuel Neto, secretário-executivo do Ministério da Justiça, para garantir que a Bahia não perca para o Espírito Santo"*, declarou um empresário local .
Vila Nova comparou o risco de estagnação à crise da vassoura-de-bruxa, que devastou a lavoura cacaueira nos anos 1990. *"Sem o Porto Sul, Ilhéus pode se tornar apenas uma cidade de veraneio, perdendo investimentos de R$ 20 bilhões já previstos pela BAMIN"*, alertou .
O encontro no SEBRAE consolidou a ideia de que Ilhéus deve protagonizar seu desenvolvimento. Um grupo de mobilização será formado para ampliar o debate e cobrar transparência nas negociações entre Vale, BAMIN e governo. *"Promessas precisam virar realidade. O Porto Sul é um símbolo de resistência e visão de futuro"*, concluiu um participante .
Enquanto a Vale mantém silêncio sobre detalhes da aquisição, a sociedade local espera que a influência política de figuras como o ex-governador Rui Costa e o presidente Lula seja usada para defender os interesses da região . A certeza é que, sem o Porto Sul e a FIOL, o sonho de transformar Ilhéus em um hub logístico global permanecerá apenas no papel.
O tabuleiro
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